quarta-feira, 19 de abril de 2006

one man show

Em Novembro de 1959, Truman Capote (Philip Seymour Hoffman), o autor de "Breakfast at Tiffany’s", lê um artigo numa das últimas páginas do New York Times. O artigo descreve o homicídio de quatro membros de uma família proeminente de Holcomb no Kansas.

Histórias semelhantes aparecem nos jornais quase todos os dias mas, neste caso, algo captou a atenção de Capote. Ele acredita que apresenta uma oportunidade para testar a sua antiga teoria de que, nas mãos do escritor certo, a realidade pode ser tão apaixonante como a ficção.

Que impacto tiveram os homicídios na pequena cidade ventosa das planícies? Com isto como tema – para os seus objectivos não é importante saber se os criminosos são apanhados – ele convence a revista New Yorker a dar-lhe o caso e viaja para o Kansas. A acompanhá-lo vai Harper Lee(Catherine Keener), sua amiga desde a infância no Alabama e que, dentro de poucos meses, irá vencer o Prémio Pulitzer e alcançar a fama como autora de "Por Favor, Não Matem a Cotovia".

A sua voz fina, maneirismos e modo de vestir pouco convencional dão origem a hostilidade numa zona do país que ainda se vê como parte do Velho Oeste, mas aos poucos, Capote consegue ganhar a confiança dos locais, sobretudo a do agente Alvin Dewey (Chris Cooper) que lidera a investigação e a caça aos assassinos.

Apanhados em Las Vegas, os homicídas - Perry Smith (Clifton Collins Jr.) e Dick Hickock (Mark Pellegrino) – são devolvidos ao Estado do Kansas onde são julgados e condenados à morte. Capote visita-os na prisão. À medida que os vai conhecendo, descobre que aquilo que inicialmente tinha sido pensado como um artigo de revista cresceu e deu lugar a um livro.

O seu tema é agora tão profundo quanto os outros temas alguma vez abordados por um escritor americano. Nada mais nada menos do que o choque entre duas Américas: o país seguro que os Clutter conheciam e o país desenraízado e amoral habitado pelos seus assassinos. Escondido por detrás de uma fachada frívola está um escritor ambicioso em crescimento. Mas, mesmo ele duvida poder alguma vez terminar o livro – o grande livro – que ele acredita ter-lhe sido entregue pelo destino. "Por vezes, quando penso quão bom poderá ser" escreve a um amigo, "mal consigo respirar".

Como se sabe Philip Seymour Hoffman ganhou o Oscar por esta excelente interpretação.
NOTA: 8/10

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