segunda-feira, 14 de fevereiro de 2005

"O Aviador" e "Vera Drake" dominam prémios BAFTA

«O Aviador», de Martin Scorsese, foi galardoado com o prémio de Melhor Filme na cerimónia dos Bafta, mas teve de partilhar o palco com «Vera Drake», de Mike Leigh.

A Academia Britânica das Artes do Cinema e da Televisão, entregou os seus prémios em cerimónia realizada este sábado à noite, no cinema Odeon, em Leicester Square (Londres). O filme que retrata parte da vida de Howard Hughes recebeu também os prémios de Melhor Actriz Secundária (Cate Blanchett), Direcção Artística e Caracterização. Porém, Martin Scorsese voltou a não receber o galardão pelo seu trabalho de realizador, que foi para Mike Leigh, por «Vera Drake», que recebeu igualmente o prémio de Actriz (Imelda Staunton) e Guarda-Roupa.

O Melhor Filme Inglês foi «My Summer of Love», de Paul Pavlikovsky, que bateu precisamente «Vera Drake», e ainda «Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban», «Shaun of the Dead» e «Dead Man`s Shoes». Ainda assim, o filme das aventuras do jovem feiticeiro recebeu o prémio do público. «Diários de Che Guevara», de Walter Salles, foi o Melhor Filme Estrangeiro e teve também a Melhor Banda Sonora.

Leonardo DiCaprio perdeu o prémio de Melhor Actor para Jamie Foxx, pela sua interpretação do cantor Ray Charles em «Ray». O Actor Secundário foi Clive Owen, por «Perto Demais». O prémio de Argumento Original foi para «O Despertar da Mente», de Michel Gondry, filme que também ganhou o prémio de Montagem. «Sideways», de Alexander Payne, recebeu o prémio pelo argumento adaptado. O Prémio Carl Foreman para Melhor Primeiro Filme, foi para Amma Asante, que foi a realizadora «A Way of Life, de que também assinou o argumento. O prémio de Melhor Fotografia foi para «Colateral», de Michael Mann.

«À Procura da Terra do Nunca», de Marc Forster, nomeado em 11 categorias, e «House of Flying Daggers», de Zhang Yimou, nomeado para 9 prémios, não receberam qualquer prémio.

Em 2001, os Baftas passaram de Abril para Fevereiro, para terem lugar entre as cerimónias dos Globos de Ouro e os Óscares, ganhando assim um maior protagonismo e contando com a presença de muitos mais nomeados do outro lado do oceano, ainda que estejam longe de ser um barómetro fiável do que pode vir a acontecer nos prémios do fim deste mês.

Normalmente mais "pacíficos", este ano, a polémica chegou também aos Bafta, pela omissão de «Million Dollar Baby», de Clint Eastwood, aos prémios principais. Os votantes da Academia são 6240, que vêem os filmes em visionamentos especiais, mas principalmente através de «screeners, que são enviados às centenas por publicistas para garantir que os filmes elegíveis são vistos pelo maior número possível de votantes. Contudo, os estúdios de cinema assustam-se com a pirataria e alguns recusam-se mesmo a enviar cópias dos filmes. Como, nos casos mais optimistas, os visionamentos apenas permitem que os filmes sejam vistos por cerca de 1000 votantes, os «screeners tornaram-se essenciais.

Porém, não foram enviadas cópias de «Million Dollar Baby» a ninguém e o primeiro visionamento foi marcado tardiamente, 14 de Dezembro, sendo apenas visto por cerca de 100 pessoas. Quando foram marcados mais dois visionamentos, era tarde demais: existem três fases de votações dos prémios, que reduzem as listas de centenas de filmes primeiro para 15, depois para 5 e finalmente para o vencedor, e o filme de Eastwood nem chegou aos 15 finalistas.

Este ano, ao decidir aproximar as suas regras, às da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, que atribuem os Óscares, ironicamente os Bafta foram vítimas de uma decisão recente para assegurar transparência no seu sistema de votação, já que, anteriormente, um comité dos Bafta podia evitar embaraços adicionando discretamente títulos à lista final, quer os membros tivessem votado neles ou não.

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