terça-feira, 14 de setembro de 2004

Festival Veneza 2004

Chegou no sábado ao fim o Festival de Cinema de Veneza, numa edição (61ª) marcada por diversas "polémicas". A Itália tem estado, por estes dias, centrada na situação das duas italianas reféns no Iraque, o que desviou um pouco a atenção do certame, e das estrelas que o visitam. Mas não o suficiente para demover os muitos manifestantes anti-globalização que aproveitaram Veneza para, mais uma vez, tornarem públicos os seus pontos de vista.
Outra queixa comum, prendeu-se com a organização do Festival, com a polémica a atingir o auge no visionamento de “The Merchant of Venice” (ainda por cima), onde alguns dos actores do filme, entre os quais Al Pacino, não tinham (devido a erro informático) lugar na sala. Mas tudo está bem quando acaba (ou começa) bem, mesmo que seja com mais de uma hora de atraso.
Polémicas reais aparte, chegam as polémicas no ecrã. O Festival foi rico em filmes que abordam temáticas controversas. Guerra, aborto, abuso sexual e eutanásia foram alguns dos temas que foram vistos no grande ecrã. “Vera Drake” do britânico Mike Leigh, vencedor do Leão de Ouro, conta a história de uma mulher que é detida e acusada por realizar abortos clandestinos.
Outro dos filmes de topo, que estiveram presentes, é o novo de Alejandro Amenabar, "Mar Adentro”, que conta a história de Ramon SanPedro (Javier Bardem), um homem paralisado após um acidente de automóvel e cujo maior desejo é morrer.
Javier Barden, o protagonista, acabou por vencer o galardão para Melhor Actor.
Wim Wenders apresentou o seu mais recente trabalho “Land of Plenty”, e embora, fosse sempre um candidato aos prémios, o filme teve uma recepção fria por parte da crítica. Quem acabou por surpreender foi “3-iron” do coreano Kim Ki-Duk, que arrecadou o Prémio Especial para o Melhor Realizador. O filme foi ovacionado pelo público aquando da projecção, e chegaram mesmo a comparar Ki-Duk ao lendário realizador italiano Michelangelo Antonioni.
Já que falamos em Antonioni, o realizador italiano de 91 anos de idade, aproveitou o certame para apresentar, fora de competição, “Eros”, o seu novo projecto realizado em parceria com Steven Soderbergh e Wong Kar Wai. “Eros” é composto por três pequenas películas autónomas, dedicadas ao erotismo e desejo, num tributo à carreira de Michelangelo Antonioni.
Wong Kar Wai realizou “The Hand” que conta a história de um jovem alfaiate (Chang Chen) apaixonado por uma bela cortesã (Gong Li). O amor arrasta-se por vários anos, e quando o alfaiate perdia a esperança, algo inesperado acontece. “Equillibrium” é a proposta de Steven Soderbergh. Passado na década de 50, conta a história de um publicitário stressado com sonhos eróticos recorrentes. No entanto, a psicanálise vai ajudá-lo a descobrir quem é afinal a “mulher dos seus sonhos”. Por seu lado, Michelangelo Antonioni apresentou "The Dangerous Thread of Things", um filme que conta a história de um casal (Christopher Buchholz e Regina Nemni), agarrado a um casamento em crise.

Fonte: C7nema

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