quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

The Road, de John Hillcoat

Gostaria de dizer em primeiro lugar que já não ia a uma ante-estreia desde O Dia da Independencia (numa sessão no Monumental às 2 da manhã) curiosamente realizado por um homem que gosta de filmar o fim do mundo. Desta feita fui por cortesia da Take Magazine. Um muito obrigado a eles.

Excelente adaptação da obra de Cormac McCarthy (Este País não é Para Velhos), The Road mostra-nos um futuro pós-apocalíptico, onde todos os animais e a vida selvagem foram completamente extintos e a própria humanidade está prestes a desaparecer. Chuva constante num mundo cinzento, terramotos e incêndios sucedem-se a toda a hora e os poucos humanos que existem tornaram-se selvagens e o canibalismo é habitual.
No meio deste ambiente um pai (Viggo Mortensen) e um filho (Kodi Smit-McPhee) caminham sozinhos pela América rumo à costa, embora não saibam o que os espera por lá. Eles apenas querem lutar pela sua sobrevivência, com o frio a fome e os "canibais" a atravessarem-se constantemente no seu caminho. Apesar da esperança de encontrarem algo melhor os dois levam com eles uma arma com 2 balas, uma para cada um caso sejam apanhados. A Mãe (Charlize Theron) já tinha desistido há algum tempo, aparecendo apenas nos sonhos do Pai.


McCarthy gosta de colocar nas suas obras a natureza humana a elevados níveis de pressão (Llewelyn Moss de No Country for Old Men encontra uma mala cheia de dinheiro) e mais uma vez isso volta a acontecer, com pai e filho a tentar manter um nivel de racionalidade num mundo cada vez mais selvagem.
Hillcoat (realizador do excelente A Proposta) e Aguirresarobe (o director de fotografia) retratam quase na perfeição esta devastação e as interpretações são soberbas(até uma pequena aparição de um quase irreconhecível Robert Duval) com Viggo Mortensen a ser possível candidato ao Oscar.

NOTA: 9/10


7 comentários:

Borreicho disse...

até uma pequena aparição de um quase desconhecido Robert Duval

E que aparição! É claro que a interpretação do Mortensen domina por completo o filme, mas aquele pequeno momento do Duvall à lareira foi tão intenso e tão arrebatador como muitas das cenas do Mortensen.

João Bizarro disse...

Sem dúvida. O Robert Duval é dos grandes actores do cinema. E enche essa cena completamente.

PS. Eu queria dizer "um quase irreconhecível Robert Duval"! Desconhecido é que ele não é. :)

Já corrigi.

Borreicho disse...

Bem, eu estou a ver que também me enganei. Queria dizer "fogueira" e não "lareira".

Acabei de ouvir um comentário ao filme na Antena 3. O José Paulo Alcobia achou o filme "entediante"... E bateu um bocado no puto (não o achei brilhante, mas também não esteve assim tão mal como isso).

João Bizarro disse...

Por acaso hoje não ouvi o José Paulo Alcobia. Mas não concordo nada com ele.

zorg disse...

Tenho de ir ver. Estou a ler o livro (vou mais a menos a meio) e estou a achar extraordinário!

Curiosamente, não fazia ideia de que ia haver uma adaptação para cinema quando o comecei a ler, há semana e meia atrás. E o pior é que na capa diz, todas as letras, "Now a major film".

Paulo disse...

Quero muito ver este filme. Primeiro porque adoro este género e depois porque tem o Viggo Mortensen.

Mas acho que vou tentar ler o livro primeiro...

João Bizarro disse...

Zorg e Paulo, o Cormac McCarthy achou o filme muito bom.
"É uma adaptação muito poderosa"