quinta-feira, 24 de novembro de 2005

Fui ver e gostei...

Coldplay em Lisboa (Pavilhão Atlântico): Um espectáculo justo
Por Pedro Trigueiro in Disco Digital

Os Coldplay esgotaram o Pavilhão Atlântico na passagem da «Twisted Logic Tour» por Portugal. Com o álbum «X&Y», o grupo tornou-se uma das entidades pop mais significativas a nível mundial. O espectáculo de quarta-feira à noite comprovou o crescimento da banda extrapolando as expectativas gerais. Os seus conterrâneos Goldfrapp souberam aproveitar a oportunidade para amealhar mais alguns fãs em Lisboa.


A causa social que Chris Martin ergue como sua bandeira, o Make Trade Fair, fez-se notar muito antes da banda entrar em palco. T-shirts, folhetos e mensagens várias, estiveram disponíveis ao comum dos muitos transeuntes presentes na sala-de-visitas oficial de Lisboa.

A imagem de Bono Vox no ecrã suscitou a maior identificação com a causa, num sinónimo pavloviano de histerismo natural de quem compartilha a feição às duas bandas, U2 e Coldplay, no caso.

A significativa efervescência de uma população maioritariamente classe média alta teve uma outra réplica quando o mesmo Chris Martin subiu a palco para apresentar os Goldfrapp, como se de uma bênção se tratasse.

As canções electro com predominâncias de guitarras eléctricas de Allison Goldfrapp, e seus pares, foram revestidas por um cenário interessante, que se assemelhava a um espectáculo em nome próprio (elogio). A acústica da sala, todavia, voltou a ser redundantemente traiçoeira às intenções pop do grupo. Ao fim de pouco mais de meia-hora, os Goldfrapp terão conquistado mais alguns fãs, ou apenas foi possível observar uma adesão descomprometida de quem fazia tempo de espera para o parceiro da noite.

A companhia geral para todo o Pavilhão Atlântico perfilou nas suas fileiras os quatro músicos dos Coldplay. Concentrados, aprumados, dedicados e sapientes das expectativas, os quatro cavaleiros tomaram de assalto o palco com «Square One».

A anormal boa qualidade de som da sala lisboeta veio acalentar ainda mais as intenções de um concerto inesquecível, como o haviam prometido.

Os temas, todos recebidos como se de singles eternos se tratasse, foram sendo percorridos sem o menor descuido e com uma acutilância de palco muito interessante. Para muito contribui o espectáculo proporcionado pela equipa de produção, que redimensionou cada espiral sonora dos Coldplay.

Com os níveis qualitativos a roçarem o nível «irrepreensível», Chris Martin deu-se ao luxo de se enganar ou recomeçar um ou outro tema, introduzindo um conceito de «naturalidade» a um espectáculo criado para escapar ao «imprevisível».

«Til Kingdom Come» com a presença de «Ring of Fire», de Johnny Cash, o código Baudot na projecção visual de «Clocks», o plágio admitido de «Talk», a «Computer Love», dos Kraftwerk, e o encerramento com a viagem de Brian Eno até ao rock de estádio no tema «Fix You», constituíram alguns dos momentos a destacar de uma actuação de sonho aos olhos de 2005. Um DVD em Lisboa seria perfeito.

Alinhamento Coldplay

Square One
Politik
Yellow
Speed of Sound
God Put a Smile Upon Your Face
X&Y
How Do You See the World
White Shadows
The Scientist
Til Kingdom Come/Ring of Fire
Green Yes
Clocks
Talk

Swallowed in the Sea
In My Place
Fix You

Alinhamento Goldfrapp

Train
No. One
U Never Know
Black Cherry
Ride a White Horse
Strict Machine
Ooh La La

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