DVD é o grande concorrente das salas de cinema
As salas de cinema em Portugal estão cada vez mais vazias e os dados do primeiro semestre de 2005, fornecidos pelo Instituto do Cinema, Audiovisual e Multimédia (ICAM), não são animadores.
Em 2004, os cinemas portugueses já tinham perdido dois milhões de espectadores face a 2003 e nos seis primeiros meses deste ano perderam mais 865.259 espectadores. Abril e Maio foram desastrosos, com menos 564.070 espectadores em relação ao mesmo período de 2004. Embora espere uma recuperação para o segundo semestre, Elísio de Oliveira, presidente do ICAM, diz que Portugal "não vai escapar" até ao final do ano a esta tendência de descida que afecta até os países onde a indústria do cinema é muito forte.
Em Junho estancou-se a descida, com uma recuperação de quatro por cento, mas também é o mês com a afluência mais baixa (918.051). Em 2004, Junho foi o único mês que não superou a barreira do milhão (882.970), o que foi explicado pela realização em Portugal do Europeu de Futebol.
Até fim de Junho, 7,1 milhões de pessoas foram ao cinema, contra 8 milhões no mesmo semestre de 2004.
O panorama não é animador e Elísio de Oliveira pensa que os distribuidores de filmes não são os mais afectados por esta situação: "Os exibidores, mais do que os distribuidores, são os que mais perdem." Porquê? "Porque há um fenómeno novo - a concorrência do DVD - que é um dos novos paradigmas do consumo. As pessoas com mais de 30 anos, segundo um estudo feito nos EUA, recorrem mais ao DVD do que aos cinemas. E o DVD começa a ser a principal receita para os distribuidores. Ajuda a compensar a perda de receitas na sala."Mas, diz o presidente do ICAM, as distribuidoras não podem negligenciar nenhuma destas áreas de negócio porque se ajudam mutuamente: "Hoje, os DVD são colocados rapidamente no mercado. Basta o filme sair de exibição. As salas de cinema não têm defesa frente ao DVD, mas são fundamentais para o vender.
O sucesso na sala arrasta a venda do DVD. "Para Elísio de Oliveira, "há outras causas para a descida - as dificuldades económicas do país e o preço dos bilhetes." "Este ano disse numa entrevista que a forma de levar mais gente ao cinema é baixar os preços dos bilhetes, mas a minha declaração não agradou a alguns distribuidores. Se não fosse verdade, não faziam as campanhas no telemóvel ou a redução do preço à segunda-feira. " Para combater este problema é preciso também, diz, "investir fortemente na promoção do cinema. Os festivais são o melhor veículo para levar as pessoas ao cinema.
O IndieLisboa, por exemplo, tem um efeito de arrasto. "Os números parciais de 2005 dizem também que é preciso uma grande subida no segundo semestre para se conseguir uma aproximação ao total de 2004 - 17 milhões de espectadores. Elísio de Oliveira acredita num cenário menos pessimista para estes seis meses: "Os americanos querem que as estreias na Europa ocorram na mesma altura. Em Portugal as grandes estreias eram no Inverno, e nos EUA são por esta altura. Houve, portanto, uma alteração no círculo de estreias na Europa. Por isso acredito que no segundo semestre vai melhorar muito. Espero um bom Julho, na primeira quinzena já havia 800 mil espectadores. Madagáscar [filme de animação] está a levar muita gente ao cinema. Basta haver um filme ou dois para inverter a situação. "Mas o presidente do ICAM diz que não há forma de "escapar" a uma descida no final do ano.
Porque os portugueses vão menos ao cinema do que a média europeia (1,7 vezes por ano contra 2,5), e porque "somos um país que adere rapidamente às novas tecnologias, às inovações, o que explica o crescimento que a venda de DVD teve em Portugal". E "em breve" vai aparecer "o novo DVD de alta definição, o Blueray, que vai provocar um novo apelo ao consumo massificado e criar uma nova unidade de consumo". Ou seja, não vai ajudar os cinemas a sair da crise.
fonte: público
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