quinta-feira, 30 de junho de 2005

HUMANOS NO COLISEU II

Humanos no Coliseu: A homenagem ganhou vida própria

Os Humanos apresentaram-se na noite de terça-feira no Coliseu para o primeiro de três concertos e a homenagem a António Variações ganhou identidade própria. Aos temas do disco juntaram versões surpreendentes dos grande êxitos do músico que levaram o público ao rubro. Pelo caminho ficaram outras surpresas.

Num palco literalmente atafulhado dos mais variados instrumentos eléctricos e acústicos, tudo o que foi utilizado em estúdio para dar vida às canções que Variações nunca gravou, temas como Maria Albertina e Muda de Vida a par dos velhinhos Estou Além e O Corpo é que Paga mexeram não só com os espectadores mais velhos, mas também com os muitos miúdos que lá se encontravam. Tornou-se claro que os Humanos deixaram de ser apenas um projecto de homenagem, são algo de muito vivo e singular.
Os músicos Hélder Gonçalves, Sérgio Nascimento e João Cardoso multiplicaram-se para tocar todos os instrumentos utilizados. A opçãoo de não ter músicos de apoio assim o exigia. David Fonseca, Manuela Azevedo e Camané que na gravação apenas deram a voz aos temas de Variações também tiveram que meter mãos à obra, atacando desde as guitarras ao piano e às pandeiretas. O gozo que sentiam em cima do palco chegou até à galeria mais alta do Coliseu.
Além do esforço para chegar a todos os instrumentos, um alinhamento de respeito obrigou a um ritmo frenético que não permitia demoras. A cada tema seguia-se imediatamente outro. Foi mesmo sempre a andar para conseguir tocar, além dos temas do disco, versões inovadoras dos êxitos de Variações - vai valer a pena esperar pelo CD ao vivo para poder ficar com o registo de Camané a cantar Estou Além em jeito de faducho. Simplesmente fantástico, ouvir «Anjo da Guarda» pela voz de Manuela Azevedo.

Com um ritmo tão acelerado, o processo de colocar pausas ficou a cargo do próprio público, que respirava apenas na altura de ouvir as interpretações de temas das décadas de 70 e 80 que poderão ter inspirado António Variações. «This Town ain´t Big Enough For Both of Us», dos Sparks, «Oh My Love», de John Lennon, ou «Flores» dos brasileiros Titãs, marcaram as pausas. Grande momento o despique entre Manuela Azevedo e David Fonseca em «Hardcore (1º Escalão)», primeiro single dos GNR.

A vocalista dos Clã esteve, de resto, completamente eléctrica ao longo de todo o concerto, transmitindo a energia ao público, bem ao seu jeito. David Fonseca também não poupou a guitarra. Mais discreto, Camané foi o que menos tempo esteve em palco. Mas de cada vez que subia, ia com tudo, acrescentando sempre algo que até então parecia não faltar. Foi ele que terminou o corpo principal do concerto com «Adeus Que me Vou embora», e para finalizar, um medley que incluiu «Maria Albertina» e culminou numa versão eléctrica de «É p´rá Amanhã»

Impossível não falar também da grande preocupação com a parte cénica, que contribuiu para fazer do concerto um espectáculo. A simplicidade do branco brilhou, com alguns pontos de cor e um grande realce por parte de uma iluminação muito cuidada e que, decididamente foi fundamental.

Ao fim de pouco mais de uma hora e meia de um concerto intenso e ultra-preenchido, ficou a sensação de ser pouco. Para quem não poderá estar no segundo concerto de Lisboa, esta noite, ou no Coliseu do Porto, dia 4, segunda-feira, resta o consolo do DVD e do CD ao vivo que se seguem.

Fonte: Disco Digital

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