segunda-feira, 20 de setembro de 2004

Visionamentos caseiros

Kika, de Pedro Almodovar - ****
Comédia neurótica, sátira social, melodrama familiar e "thriller" negro. Tudo isto é "Kika", a despedida, delirante e amargurada, de Pedro Almodóvar às provocações "kitsch" da primeira fase da sua obra.

Frida, de Julia Taymor - ****
«Biopic» da pintora Frida Kahlo que fez sensação na cerimónia de Oscars deste ano, arrebatando duas estatuetas douradas: Melhor caracterização e Melhor banda sonora. A história da politica, sexual e artisticamente polémica pintora mexicana que se apaixona pelo poligâmico Diego Rivera, com quem partilharia uma vida de amor, traição e arte.

Velvet Goldmine, de Todd Haynes. ****
Um disco voador desce até à Terra. A missão dos visitantes de outro planeta? Deixar, como legado de “diferença”, um broche de esmeralda (por isso, podemos apenas imaginar que sejam “homenzinhos verdes”, pois nunca os chegamos a ver) à porta de uma casa em Dublin, no ano de 1854. O destinatário? Nada mais, nada menos do que Oscar Wilde, que ali acaba de nascer. Para pouco tempo depois, ainda em criança, anunciar numa sala de aula: “Quero ser um ídolo ‘pop’...”
E assim começa “Velvet Goldmine” (1998). O dandismo de Wilde como ponto de partida para o movimento musical a que se deu o nome de “glam rock”? É essa a proposta do filme de Todd Haynes, que, logo a seguir, avança mais de um século, até ao início dos 70, em Inglaterra, momento da eclosão de um turbilhão que uniu música, moda e maquilhagem, apostando no espalhafato e na confusão sexual como formas de antídoto contra a “revolução do amor” da década anterior.

Sem comentários: